31 de jul. de 2010

27 de jul. de 2010

The Beauty and the Beast

How can it be such a striking beauty?
With diamond eyes
That cut all the way through this uglyness
to the very heart of me.
What could I do,
But to fall for you
With all this miserable heart
Of this very dumb and empty self?
Absolutely nothing.

20 de jul. de 2010

O Sabor da Primavera (春味)






Ah, o sabor da Primavera!
Em pleno inverno gelado
Um calor no peito
Um sorriso demorado

O sabor da Primavera,
O primeiro gole de osake só para acostumar
A laranja-pitanga, o chá preto-verde
A ameixa alcoólica perdida no meio do mar

E de repente todas as flores
Parecem exalar seus sabores em profusão
E abrirem-se completamente em exultação

O sabor da Primavera.
Ah, o sabor da Primavera!
愛している. >3





18 de jul. de 2010

Um botão no tempo


As flores nascem em todo seu esplendor
Os botões florescem em todo seu esplendor
Depois murcham e morrem, em todo seu esplendor

~

Uma flor nasce e murcha. À semelhança disso, também o homem, as estrelas e mesmo o Universo - que tanto nos parece eterno - um dia morrerá. E, no meio desse tempo sem tempo, a vida humana é como um breve instante, um piscar de olhos ou um estalo dos dedos. Nesse lapso da eternidade, um ser humano ri, chora, ama alguém, odeia alguém, adoece, e morre.



Não desperdice tempo.

Ai!

Você, menina,
Que tem meu coração nas mãos:
Cuidado com as unhas afiadas!






15 de jul. de 2010

Mu!







Circunvendo as curvas da vida
Contornando as formas vazias
O que se encontra ali dentro?

O suspiro efêmero do agora
É o único remanescente
Do silencioso vento tempestuoso
Da insustável impermanência










13 de jul. de 2010

O portal sem portais

"Na primavera, centenas de flores;
no outono, uma lua cheia;
No verão, uma brisa refrescante;
no inverno, a neve lhe acompanhará.
Se coisas inúteis não lhe ocuparem a mente,
Qualquer estação será uma boa estação."

Esse poema foi escrito por Wumen Huikai (無門慧開), mestre zen chinês que viveu entre 1183 e 1260. Ele foi o responsável pela compilação de 48 koans (casos públicos) clássicos, publicados em sua obra "O Portal sem Portais" (The Gateless Gate, Mumonkan, 無門関). Nesse livro, todos os 48 koans são comentados e acompanhados por um verso escrito pelo mestre. Esse poema acompanha o koan intitulado "O dia-a-dia é o caminho," (caso 19) que retrata a iluminação de Joshu (Zhaozhou, monge chinês do século VII).

O verso fala mais alto que o próprio koan. Huikai resume em poucos versos toda a essência da prática, do caminho. Compreender esses poucos versos vale mais do que o livro inteiro.

:)

11 de jul. de 2010

Floco de Neve

Sete e meia da noite. A luz começava a desaparecer e o céu assumia tons variados de azul enegrecido. Como era inverno, a temperatura ia caindo aos poucos com a descida do Sol, e já se aproximava dos 5 °C. Na montanhosa região de Wudang (em Hubei, China), onde se encontra o Templo da Nuvem Roxa, o clima não é muito agradável: as correntes eólicas que passam por lá, somados à névoa característica da região elevada e à própria altitude parecem mais um obstáculo a ser vencido por aqueles que anseiam ser verdadeiros guerreiros. Muitos morreram ali. Morreram de frio, de fome; morreram lutando, com espadas cruzando seus peitos ou machados decepando seus membros. Muitos morreram envenenados, vítimas da inveja de guerreiros derrotados, ou vítimas de conflitos entre clãs rivais. Syaoran sabia de tudo isso. Ele sabia desde o começo o que lhe esperava quando decidiu aperfeiçoar sua magia e sua habilidade marcial indo ao Templo da Nuvem Roxa.

A sessão de meditação sentada acabara de terminar, após uma longa e exaustiva série de exercícios de fortalecimento do qi: se ele queria ser um guerreiro com maestria na magia, teria que trabalhar bastante seu qi e sua mente.

Em seus aposentos, o rapaz chinês – na casa dos vinte e tantos anos – se deixa jogar no velho colchão de palha de arroz duro e surrado. Olha para o teto e para as paredes de pedra, que lá estão desde 1413. Observa alguns talhos e buracos nas paredes, alguns ideogramas antigos que ele desiste de compreender, após algum esforço inicial. Provavelmente são heranças de guerreiros que passaram por ali ao longo desses seis séculos. Fica imaginando que tipo de homens já passaram por ali: quantos haviam abandonado famílias para perseguir seus objetivos? E se lembrou daqueles doces olhos verdes e sorriu. Sorriu um sorriso nostálgico, daqueles que vêm acompanhados por um olhar distante e mareado. Levantou-se e debruçou-se na janela. Podia ver a beleza dos olhos de Sakura quando observava, à meia luz do pôr-do-sol, o verde escurecido das florestas que cresciam nos pés das montanhas. O som calmo e pacífico da natureza e o tom esverdeado faziam a combinação perfeita que traziam as melhores lembranças de sua infância à tona. Ele se deixou ficar ali até a escuridão tomar a paisagem e os sinos do templo anunciarem a hora de dormir. Após um longo suspiro, que se liquefizera em uma névoa - já que a temperatura caíra consideravelmente - e um sorriso delicado, Syaoran deitou-se e adormeceu balbuciando sorrindo "Eu te amo. Para sempre."

O inverno era realmente detestável por ali. A neve já começava a cair novamente. Neve. Um floco de neve aderira-se ao vidro da janela. Sakura chegou mais perto do vidro para observá-lo: um floco de neve sempre tem formatos bem peculiares e interessantes. Dizem que o formato do floco é capaz de refletir as emoções de quem o carrega. Ao chegar mais perto para vê-lo, o vidro se embaçou com sua respiração quente. "Mas que droga! Eu nunca aprendo!", resmungou a garota para si mesma. Ela abriu a janela e deixou o ar frio entrar (o que lhe rendeu uns bons calafrios). Respirou profundamente e olhou para longe. A paisagem ainda era a mesma de alguns anos atrás: uma rua pacata, uma cidade pouco movimentada. Tomoeda não mudara tanto nos últimos 10 anos. Sua casa continuava a mesma; com exceção do seu quarto que havia mudado um pouco, afinal não havia mais porque ter aquele monte de brinquedo espalhado: ela já era uma mulher; e sua cama também havia de mudar, já que ela cresceu um bocado.

Sakura ficou alguns instantes de olhos fechados sentindo a brisa gelada que vinha do oeste. Ela adorava essa brisa. Parecia carregar um odor de hortelã, que sempre a lembrava do rapaz que tomou seu coração na adolescência. Apesar da expressão normalmente fechada, havia algo nos olhos castanho-avermelhados do rapaz que a atraíram. Ela gostava de quando ele lhe escrevia ideogramas complicados e lhe explicava em detalhes cada pedacinho, e ficava fascinada com a facilidade que o garoto tinha de lembrar as mais variadas e interessantes histórias da China. As habilidades que ele tinha com a espada, seu sotaque japonês arrastado, o modo como ele detestava que o corrigissem e o sorriso vitorioso que ele tinha quando ganhava alguma aposta dela. No momento daquele sorriso, ela esquecia de toda raiva que sentia por perder e seu coração sentia um calorzinho diferente. Gostava de bagunçar seu cabelo metodicamente arrumado, só para vê-lo resmungar e perder o controle: ele ficava bem charmoso quando perdia a linha. E ela adorava os abraços que ele lhe dava para protegê-la de noites frias, como essa. Ou dos beijos que ele vinha correndo a noite lhe dar antes de dormir, com aquele gosto de hortelã de sua pasta de dentes caseira.

Ela respirou mais um vez, bem fundo, pela boca, e sentiu o ar gelado preenchendo sua via respiratória, e sentiu o cheiro e o sabor adocicado e refrescante da hortelã. Sorriu uma vez mais, enquanto seus olhos mareavam. Fechou a vidraça, e deitou-se sorrindo na cama. Cobriu-se e se aconchegou sob o edredon pesado. Lembrou-se de que toda noite, depois que ela deitava e se cobria, Syaoran batia novamente na janela, e sussurrava algo por entre a frestinha que restava entreaberta. E ela sempre respondia. Abriu então um sorriso largo, abraçou um velho ursinho que ele havia lhe dado e sussurrou: "Eu também. Para sempre."

--
(Janeiro, 2010)

10 de jul. de 2010

Tocando o Coração (摂心)

Selam-se os portões da mente.
Deste momento em diante, apenas o silêncio.
Apenas o silêncio é o caminho.
O silêncio do vento, das folhas farfalhando
O silêncio das crianças jogando bola da quadra do vizinho
O silêncio do louvor evangélico declamado com ardor
O silêncio do rádio fora de sintonia narrando o jogo do mundial
O silêncio da pressa urbana da cidade que não pára.

Apenas o silêncio.

5 de jul. de 2010

O ladrão da cabana

Ryokan, um mestre Zen, vivia a mais simples e frugal das vidas em uma pequena cabana aos pés de uma montanha. Uma noite, um ladrão entrou em sua cabana apenas para descobrir que nada havia para ser roubado.

Ao retornar, Ryokan o surpreendeu lá.

"Você fez uma longa viagem para me visitar," ele disse ao gatuno, "e não deveria retornar de mãos vazias. Por favor tome minhas roupas como um presente."

O ladrão ficou perplexo. Rindo, ele tomou as roupas e esgueirou-se para fora.

Ryokan sentou-se nu, olhando a lua.
"Pobre coitado," ele murmurou. "Gostaria de poder dar-lhe esta bela lua."

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(In: Hansen, L. Fishing for the Moon and Other Zen Stories. Universe Publishing, 2003.)

4 de jul. de 2010

Zen zentido

Nuvens de tempestade cobrem o céu noturno.
Mestre! As estrelas desapareceram!
Quem roubou a Lua cheia?







3 de jul. de 2010

¡Jamás!

¡Yo no pienso más en ti!
Pero sigues aún en mis recuerdos
Mis memórias las más oscuras
Llenas de falsos sonrisos y amarguras

No, yo no pienso más en ti,
Excepto en aquellos pocos momentos
En que el aire me toca con tu perfume
Y el dulce olor de súbito me consume

Sin embargo, no! No pienso en ti.
¡Jamás! Never! Non ci penso mai!
Pero admito: me permito, a veces, de ti me acordar
Pocas veces, todavia. Solo cuando me pongo a respirar.


A viagem

As rodas girando
E os quilômetros passando
Para onde, mesmo?