Meu filho mais velho, quando criança, tinha um amigo invisível, que ele chama de Gudis. Ele vivia brincando com esse amigo e me lembro de que alguém perguntou pra ele se o Gudis não tinha fome, se não comia e meu filho disse que não, porque ele não tinha braços nem pernas. Curiosos, perguntamos como ele era e enquanto ele o descrevia, o Gudis foi embora e ele se despediu do amigo acenando um tchauzinho... para cima. O Gudis foi embora para cima, pelo ar.
Não sei o que conversavam, nunca perguntei e também creio que hoje ele nem se lembre dos assuntos que tratavam, mas nunca se esqueceu que tinha um amigo invisível e que se chamava Gudis.
Todos temos nossos amigos invisíveis e conversamos com eles, muitos de nós, inconscientemente. Contamos nossas ideias, projetos, sonhos e problemas. Quem nunca falou sozinho? Quem nunca divagou?
Ouvi várias teorias sobre amigos invisíveis e sempre preferi a dos anjos. As crianças veem anjos (dizem) e se comunicam com eles. Pais mais ortodoxos falam que isso é coisa do diabo. Francamente não acho que o diabo se sinta confortável com essa afirmação de que ele seja um amigo, mesmo que invisível, até porque sabemos que ele é exatamente o oposto disso, apesar de invisível. Mas voltando a teoria das crianças e dos anjos, contam que depois de um tempo elas perdem esse contato. É como se eles ficassem um tempo necessário para que as crianças se adaptem a este planeta, a forma humana e depois vão embora e as crianças crescem e nos tornamos tristes porque nos afastamos do amigo pessoal que nos guardava a mando de Deus.
Sei que estes amigos invisíveis alegram-se com a restauração do homem de forma intensa, impossível de ser relatada (Lc 15.7,10) pude sentir perfeitamente esse momento quando reconheci Jesus naquele oito de janeiro, de um ano que seria muito conturbado em minha vida.
O réveillon mais triste e mais feliz de minha vida foi o primeiro depois de meu reencontro com Cristo. Triste porque depois de vinte anos juntos, estava sem minha esposa (estávamos nos separando) e sem o meu menor que estava com ela. Feliz porque eu e o amigo visível do Gudis passamos a virada de ano de joelhos numa igreja, adorando a Deus.
Tenho certeza que ele orava por mim, como também tenho a certeza que o Gudis e outros milhares de amigos invisíveis estavam ali, recolhendo nossas lágrimas e orações para levar para cima. Só não demos tchauzinho desta vez e nem precisávamos, porque já tínhamos a certeza de que eles sempre retornam com as respostas lá de cima.
Foi também o primeiro Reveillon do amigo visível do Gudis com seu pai visível de verdade. E ele estava muito feliz por tê-lo ali do seu lado.
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