No budismo Mahayana - particularmente no Zen - falamos em budas e bodhisattvas. O que são eles? Deuses? Demônios? Entidades para serem adoradas? Nada disso cabe no pensamento oriental. Essas designações são produto da análise de uma cultura com o pensamento de outra: algo fadado a interpretações errôneas.
Na foto, um boneco japonês tradicional, o damo. Esses bonecos são como o nosso "joão-bobo": são empurrados, caem e se levantam. Na cultura japonesa, é um símbolo de persistência. Ele representa o primeiro patriarca do Zen no oriente, também tido como um dos patriarcas do Kung Fu: o monge indiano Bodhidharma ("a verdade da iluminação," numa tradução literal) - 28º sucessor desde o buda Shakyamuni (o príncipe Sidarta).
Segundo a lenda, Bodhidharma teria chegado a Shaolin e ficado durante nove anos meditando em uma caverna, de frente a uma parede. Desses nove anos, sete ele teria dormido. Irritado com isso, teria arrancado suas próprias pálpebras e jogado-as no chão, do que teria brotado a erva do chá - para manter os estudantes de meditação acordados durante sua prática (por isso, Bodhidharma é também tido como patriarca do chá). Outra lenda conta que suas pernas e seus braços atrofiaram e caíram depois desse tempo todo em meditação. Disso resulta a forma do boneco japonês da figura: Um ovo, barbudo, com olhos sem pálpebra.
Exista um poema japonês que ilustra o pensamento representado pelo damo:
人生
七転び
八起き
Jinsei.
Nana kotobi
Ya oki.
Assim é a vida:
Caia sete vezes,
Levante oito.
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