31 de jan. de 2013

6.18AM


A noite arrasta-se tartarugamente,
Como um bêbado que desliza em câmera lenta sobre uma pista de ovos.
Embalada pelas batidas fortes (com mais decibéis que conteúdo),
Te vejo sentada no canto, mirando o nada.
'O que se passa ali dentro?', pergunto-me sem efeito.
Tuas mãos nas dele, e as dele encasuladas nas tuas:
Um carinho singelo, quase desapercebido na enebriação do grogue.
Teus olhos, distantes: além do além.

Lágrimas escorrem sem propósito.
Misturam-se a um resquício de suor mal-evaporado
Lavando meus olhos e queimando-os como álcool em ferida aberta.
Então isso é tudo. Ponto final.
Nada existe de mais decepcionante no mundo que as malditas expectativas!
Nem sonhos incabados, nem o primeiro beijo, nem o final de Lost;
Nada decepciona mais do que expectativas.

O sol clareia aos poucos o céu sobrecarregado.
O friozinho da manhã e a caminhada longa ajudam a aliviar os efeitos do álcool.
Vocês caminham, a passos meio entrelaçados, de mãos dadas.
Aquelas lágrimas secam ao vento fresco
E são deixadas para trás
Com o raiar do novo dia.

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