As árvores se movem preguiçosamente
Apenas os sons distantes do tráfego
Quebram o silêncio da manhã
Mais um dia de sol e calor abafado
Um dia a mais na semana que se arrasta
E que arrastava o ano para um fim tranquilo
Na promessa de um novo porvir
Justo nesse dia de sol e calor abafado
Como um braço que se precipita à bola na área
Sem convite nem aceno, desceu o Inverno
Nos últimos segundos da prorrogação
E veio a chuva, e vieram as águas
E não se via mais o sol, não sentia-se Verão
As árvores recolheram-se e o tráfego silenciou
Contemplando o cair de uma última folha
E, de repente, já não havia folhas e nem sol
Restavam apenas os ramos secos e velhos
Moldados pelo tempo e as intempéries
Cientes de sua longa missão cumprida
No dia de sol e calor abafado
O Verão cedeu ao Inverno indesejável
Caiu a última folha, caiu a chuva, caíram lágrimas
Caiu o sol, caiu a ficha e caiu o mundo
E os ramos ficaram ali, expostos e frágeis
Moldados pelo tempo e as intempéries
Aguardando a Primavera para ver uma vez mais
Renascer um novo porvir
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