3 de nov. de 2010

A Estrela

Ali no alto,
Brilhando despropositadamente,
Está a estrela que olhávamos ontem.
A mesma estrela que observou calada
Os mais excitantes romances escondidos
Sob o manto protetor da noite.
A paixão de Orfeu e Eurídice,
O desejo secreto de Julieta e Romeu,
Os devaneios de Marco Antonio e Cleópatra,
E o amor impossível de Píramo e Tisbe.
Estrela que inspirou Shakespeare,
Chaucer, Vinícius de Moraes, e Poe.
Serviu de guia aos reis magos,
E ajudou, por séculos, a traçar o destino do mundo.

Hoje ela continua ali,
Passando desapercebida e desinteressada,
No meio da poluição, das luzes da cidade,
Tentando se fazer enxergar
Por poetas perdidos na noite,
Se esforçando para ouvir os desejos dos amantes
(cada vez mais silenciados e descrentes,)
Procurando encontrar sentimentos puros
No meio de toda a sujeira aqui embaixo
E, olhe, cá entre nós:
Está cada vez mais difícil.

Um comentário: