25 de dez. de 2011

白い

Flocos brancos, como nano-pedacinhos de um espelho espatifado, descem lentamente pelo céu aberto, dançando ao ritmo bruto dos ventos.
Lá fora, um frio congelante;
Aqui dentro, coração quente:
Mais quente a cada floco de neve,
E a cada sorriso e cada abraço
De quem já viu toda sua vida se perder,
Mas ainda guarda carinho e fé
De sobra para dividir conosco.
Um Feliz (e branco) Natal.
:)


18 de nov. de 2011

Voando


Final de tarde. O vento sopra com delicadeza, arrepiando as folhas das árvores que avermelham-se lentamente rumo à morte. Li senta-se após uma tarde de treinamentos e observa, do alto de seu templo, a aquarela de cores pintadas no horizonte: o azul do céu tingido pelo alaranjado das nuvens, e o degradê incrível nas montanhas, cuja densa vegetação pincela a paisagem com algum e qualquer tom entre verde e vermelho.


O outono é uma estação maravilhosa (como todas as outras estações) na Ásia e, em particular, ali naquelas montanhas perdidas no meio do continente. É o momento em que as mudanças na Natureza, que ocorrem a todo instante, são mais perceptíveis ao cego olhar humano. A força e a robustez que as árvores esbanjam no verão tornam-se apenas uma sombra distante da seca e frágil imagem que exibem no inverno; e essa intensa mudança ocorre num breve espaço de um ou dois meses. "Tudo passa tão rápido," ele pensa. "E, contudo, é nesse curto espaço que a vida acontece. As folhas nascem, crescem, oferecem sua sombra no verão, e morrem; tudo isso em poucos meses. Perto delas, somos praticamente imortais."

Uma brisa mais intensa sopra, e uma folha cai aos seus pés. O jovem guerreiro observa o cair da folha com um certo ar de reverência. Delicadamente, a toma em suas mãos e perde-se em seus pensamentos. Olha para o leste, com os olhos além das montanhas e muito além do oceano. "O frio está chegando. Espero que você esteja cuidando-se direito."  Larga a folha seca, que rodopia lentamente no ar, antes de ser arrastada para longe por uma outra soprada do destino.

~

A quilômetros dali - numa terra muito, muito distante - uma jovem mulher corre apressada para acertar os últimos detalhes de seu último trabalho. "Não é possível! O que aconteceu com aquele arquivo?! Eu passei a semana inteira editando aquela porcaria, e agora sumiu assim?!?" bradava, em alguma coisa similar a desespero e indignação. "E de onde veio esse frio de inverno?" resmungou, enquanto se abraçava na vã tentativa de manter-se aquecida. "Ah, achei!! Bom, posso ir embora agora!".


Um vento forte corria pelos corredores abertos da Universidade, fazendo do caminho da sala até a parada do ônibus um desafio à parte naquela tarde. Kinomoto sentou-se encolhida no banco da plataforma enquanto esperava o demorado transporte chegar. Após uma trégua de poucos minutos, um pé-de-vento soprou com força, fazendo seus cabelos esvoaçarem e tamparem-lhe a vista, fazendo um arrepio - daqueles que vêm do âmago da alma - subir correndo por sua espinha. "Droga! Eu devia ter trazido uma blusa, um cachecol, ou algo assim. Ai ai, eu nunca aprendo mesmo." Arrumando os cabelos, a garota notou algo enroscado ali. Após um segundo de pânico indescritível (seguido de um grito abafado), percebeu que tratava-se apenas de uma folha e riu sozinha de sua atitude precipitada.


"Nossa, que folha diferente!" - pensou, após o árduo trabalho de desenroscá-la. Olhou em redor e procurou a árvore de onde ela poderia ter vindo, mas não a encontrou. Por alguma razão, que ela não sabia apontar naquele momento, aquela folha lhe fez lembrar um velho amor do passado. Sentiu um calorzinho aquecendo o peito. Naquele momento, não sentia mais frio. Sorriu e lançou a folha novamente aos ventos do destino.

12 de nov. de 2011

O ESCOLHIDO

Um amigo meu estava profundamente triste ontem. Não era uma tristeza qualquer. Era profunda, absurda. Como se algo tivesse tirado todo seu ar. Não havia vida em seus olhos, seus gestos eram automáticos, como uma marionete robotizada, perdida e despreparada. Faltava-lhe o chão. Aquela situação martelava minha alma. Era duro vê-lo daquela forma. Ele, um sujeito sempre de bem com a vida, feliz por natureza, daquele jeito por causa de seu amor. A pessoa que ele mais confiava havia traído essa confiança. Ele estava humilhado, perdido e sem vida.

Já me senti assim e chorei demais pelos mesmos motivos, mas nunca prometi a mim mesmo que não passaria por situações como aquela novamente porque sei que pode voltar a acontecer. “No mundo tereis aflições...” foi o que aprendi. Porque quando você se doa por alguém com um amor quase incondicional, você corre o risco de se ferir.

Lembro quando ele me disse, dias atrás, que trocaria com Deus uma perna sua pelo amor que sente por ela, para nunca mais sentir.

Lembro-me de ter conversado com Deus, quando aconteceu comigo, e ter entendido como resposta Dele que orasse por ela naquela noite fatal e foi o que eu fiz. Chorei como nunca e orei por ela como sempre, mas aos prantos. Eu e Deus. Ganhei a paz e como num passe de mágica, a libertação daquela dor profunda. “...mas tende bom animo”. Foi minha resposta. Também me sentia, antes da oração, a pessoa mais desgraçada do mundo e me lembro de uma passagem do escritor C. S. Lewis quando do encontro de um dos seus personagens com a mudança que viria, que diz assim:

“- Não acho que seja um desgraçado - disse a grande voz.

- Mas não foi falta de sorte ter encontrado tantos leões?

- Só há um leão - respondeu a voz.

- Não estou entendendo nada. Havia pelo menos dois naquela noite...

- Só há um leão, mas tem o pé ligeiro.

- Como sabe disso?

- Eu sou o leão.

Shasta escancarou a boca e não disse nada. A voz continuou:

- Fui eu o leão que o forçou a encontrar-se com Aravis. Fui eu o gato que o consolou na casa dos mortos. Fui eu o leão que espantou os chacais para que você dormisse. Fui eu o leão que assustou os cavalos a fim de que chegassem a tempo de avisar o rei Luna. E fui eu o leão que empurrou para a praia a canoa em que você dormia, uma criança quase morta, para que um homem, acordado à meia-noite, o acolhesse.

- Então foi você que machucou Aravis?

- Fui eu.

- Mas por quê?!

- Filho! Estou contando a sua história, não a dela. A cada um só conto a história que lhe pertence.

- Quem é você?

- Eu mesmo - respondeu a voz, com uma entonação tão profunda que a terra estremeceu. E de novo: - Eu mesmo - com um murmúrio tão suave que mal se podia perceber, e parecia, no entanto, que esse murmúrio agitava toda a folhagem à volta.” (C. S. Lewis – As Crônicas de Nárnia, vol III O Cavalo e Seu Menino)

Talvez você já tenha se sentido ou esteja se sentindo assim, sem sorte, com todas as coisas parecendo favorecer a desgraça. Talvez você tenha feito uma opção errada e hoje, ao escutar seu coração, percebe que está sem saída. Você apostou errado, se uniu a alguém que acreditava ser a pessoa certa e se decepcionou. Constatou, com muita tristeza, que essa pessoa traiu sua confiança, que de repente você virou “o assunto”, nas conversas de canto de sala que essa pessoa tem. Viu as armadilhas sendo preparadas, mas perdeu a vontade de desarma-las por pura amargura. Hoje se sente aprisionado, aparentemente sem horizonte. Deixou seu chão para pisar no chão dela. Mudou seu discurso, escondeu seus desejos, passou a viver a vida dela. E daí? Você perdeu seu passo, seu espaço. Perdeu seu itinerário. O que vai fazer? O que diz seu coração, sabedor de que a razão lhe pede paciência? Quanta paciência ainda pode suportar? É diferente de quando aceitou a aposta. Parecia a coisa certa a fazer. Essa era a pessoa pela qual seu coração apontava no tiro ao alvo da vida, a própria mosca, o tiro certeiro, os ponteiros da meia noite, juntos e adiante. Você largou sua vida e todas as coisas, bagagens e remendos que vinham dela e se uniu na esperança de construir com essa pessoa alguma coisa que edificasse os dois. Não contava que fosse ardilosa. Não imaginava que ela gostasse da futilidade, do vazio. Acreditava que poderiam acreditar juntos nas mesmas coisas, mesmo Deus, propósitos parecidos. Mas não foi assim que desenrolou, não é?

Como na historia, é o Leão que reina sobre todas as coisas se assim permitirmos e mesmo que não o façamos, Ele fica ao redor, esperando que o convidemos para reorganizar os estragos que fazemos por conta própria em nosso habitat, em nosso coração, em nossa alma. Só precisamos chama-lo, contar nossas aflições e deixar sob sua guarda o próximo passo.

Eu não sabia o que dizer para confortar meu amigo. Não há o que dizer nestas horas. Diante de mim havia um zumbi de quase dois metros de altura. Ele não escutaria nada. Mas resolvi falar assim mesmo e tenho consciência que muitas palavras não eram de minha autoria. Aos poucos ele foi me ouvindo. Aos poucos eu fui me calando. Era a hora dele, não havia mais nada a fazer. A bussola é de Deus e pedi à Ele que orientasse meu amigo porque eu sentia uma presença muito triste e ruim se aproximando dele, como um cachorrinho do mal que, para quem nunca viu, mais adiante eu explico.

O mal tem diversas faces, mas “a oração de um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5:16).

O que é amar? Achava que era sentimento até ouvir a definição de Deus: Amar é um mandamento. E quem mais pode testificar disto senão o próprio Deus, que deu o seu filho unigênito para a nossa salvação?

Há uma historia, na verdade uma lenda, destas que são tão impressionantes que mereceriam ser verdade, que conta que em 1878 a Inglaterra conheceu uma historia de amor incondicional. Conta a lenda que a princesa Alice, terceira filha da rainha Vitoria, teve acometido de uma doença terminal, seu filho e que ela passava o tempo todo ali, próxima a ele, mas a difteria era contagiosa e ninguém podia toca-lo, quando ela ouviu o filho reclamando com a enfermeira porque a mãe que sempre o abraçava e beijava não fazia mais isto. Tomada de um profundo amor ela rompeu com a vida e foi abraçar e beijar seu filho. Foi sepultada semanas depois junto com o menino.

Venha comigo e vamos entrar num cômodo escuro onde há uma lamparina sobre uma mesinha. Há uma mulher abatida, como se tivesse ingerido toda a angustia do mundo. Seus olhos estão profundos e neles não existem mais lágrimas. Ela está escrevendo uma espécie de diário com o pensamento e conseguimos escuta-la:

São 3h00 e a madrugada é gelada, mas preciso que o Senhor me ouça. Preciso de Sua resposta e decidi que hoje isso passa.

Não há sono que me derrube. Passarei mais uma noite em claro e amanhã, novamente, estarei no templo o tempo que for necessário para conseguir que me escute.

Estou cansada de tanta humilhação. Enquanto estou aqui prostrada e secando de tanto clamar. Ele está com ela no outro aposento e ela provavelmente sonha que me humilha da maneira que o faz, acordada.

Ele é um bom homem e sei que me ama. Não há nada de errado com ele. Até já me repreendeu por estar triste dizendo:

- Não sou melhor do que dez filhos para você? (1Sm 1:8)

Eu quero um filho, Senhor. Não sirvo a um Deus qualquer, mas Àquele que realiza milagres, que pendura e derruba as estrelas do céu, que tem todo poder sobre todos os elementos da natureza e do sobrenatural. Peço-te Senhor, dê-me um filho e eu o consagrarei a Ti para todo o sempre.

Hoje a tarde ia sofrendo outra humilhação enquanto orava para Ti. O próprio sacerdote, Eli, me disse que eu estava bêbada e eu expliquei a ele a minha angústia e que eu não bebi nada, apenas falava contigo, clamava a Ti e ele me abençoou. Não sei porque mas saí dali diferente depois que ele disse “Vá em paz. Que o Deus de Israel possa lhe conceder aquilo que você pediu” (1Sm 1:17).

Nove meses se passaram e nasceu Samuel. Ela cumpriu sua promessa o consagrando a Deus e ele se tornou profeta e sua comunhão com Deus era tanta que impressionava. Ungiu os dois primeiros Reis de Israel. Sua palavra era a palavra de Deus, a comunicação era direita, o chip tinha nome e se chamava Espirito Santo, as mensagens vinham online, instantâneas e diretas do céu, sem precisar apertar botão nenhum. Linha direta, Deus e ele até o fim de seus dias e desde menino, quando atendeu o chamado, ainda sem entender direito, precisou ouvi-l o por três vezes na mesma noite até responder:

- Eis-me aqui, Senhor!

E isso é tudo que Ele quer ouvir de você, “eis-me aqui” para lhe responder: “- O que queres que te faça?” quem sabe consiga dizer-Lhe: “Senhor, eu quero hoje ver” e então sua cegueira seja eliminada e o mesmo Deus que deu à Ana a vitória sobre a humilhação, a descrença e a amargura, faça o mesmo por você. Afinal você foi escolhido. Ele pinçou você da multidão e o separou. Por isso as vezes sente essa solidão. Todo escolhido sente. Um dia o escolhido estende a sua mão e toca na Dele percebendo que ela sempre esteve ali, ao seu alcance e ao toca-la pode entender que sempre esteve na mesma estação, mesma viagem, outros vagões, novas historias, outros rumos. Que somos o que fomos, seremos o que somos, não importa onde levam os trilhos. Estamos sempre no mesmo caminho e ainda O ouve dizer:

“- Estou no seu espelho, tanto quanto você no meu olhar. A vida é o trem, não importa quem trace o itinerário, nossas historias vão se cruzar porque estão todas ali. Algumas no mesmo vagão, outras não, mas no mesmo trem, onde o tempo não existe mas não desiste de ser tempo. Ocupando o mesmo espaço em cabines diferentes”.

O que vem depois... Bem, o que vem depois depende do escolhido que Deus separou para fazer com você essa jornada solitária e imprevisível que se chama vida. Ah sim, e depende de você conseguir ver, com os olhos do espirito, os olhos do espirito do seu escolhido.

5 de nov. de 2011

仏道

Through the narrow way
Darkness surrounds and
Rain drops slightly.
Inside the wetness
An undying fire
Burns steadfastly.

28 de out. de 2011

Tarde de Sol
Sorrisos espalhados
No chão gramado




AMIGOS INVISIVEIS

Meu filho mais velho, quando criança, tinha um amigo invisível, que ele chama de Gudis. Ele vivia brincando com esse amigo e me lembro de que alguém perguntou pra ele se o Gudis não tinha fome, se não comia e meu filho disse que não, porque ele não tinha braços nem pernas. Curiosos, perguntamos como ele era e enquanto ele o descrevia, o Gudis foi embora e ele se despediu do amigo acenando um tchauzinho... para cima. O Gudis foi embora para cima, pelo ar.

Não sei o que conversavam, nunca perguntei e também creio que hoje ele nem se lembre dos assuntos que tratavam, mas nunca se esqueceu que tinha um amigo invisível e que se chamava Gudis.

Todos temos nossos amigos invisíveis e conversamos com eles, muitos de nós, inconscientemente. Contamos nossas ideias, projetos, sonhos e problemas. Quem nunca falou sozinho? Quem nunca divagou?

Ouvi várias teorias sobre amigos invisíveis e sempre preferi a dos anjos. As crianças veem anjos (dizem) e se comunicam com eles. Pais mais ortodoxos falam que isso é coisa do diabo. Francamente não acho que o diabo se sinta confortável com essa afirmação de que ele seja um amigo, mesmo que invisível, até porque sabemos que ele é exatamente o oposto disso, apesar de invisível. Mas voltando a teoria das crianças e dos anjos, contam que depois de um tempo elas perdem esse contato. É como se eles ficassem um tempo necessário para que as crianças se adaptem a este planeta, a forma humana e depois vão embora e as crianças crescem e nos tornamos tristes porque nos afastamos do amigo pessoal que nos guardava a mando de Deus.

Sei que estes amigos invisíveis alegram-se com a restauração do homem de forma intensa, impossível de ser relatada (Lc 15.7,10) pude sentir perfeitamente esse momento quando reconheci Jesus naquele oito de janeiro, de um ano que seria muito conturbado em minha vida.

O réveillon mais triste e mais feliz de minha vida foi o primeiro depois de meu reencontro com Cristo. Triste porque depois de vinte anos juntos, estava sem minha esposa (estávamos nos separando) e sem o meu menor que estava com ela. Feliz porque eu e o amigo visível do Gudis passamos a virada de ano de joelhos numa igreja, adorando a Deus.

Tenho certeza que ele orava por mim, como também tenho a certeza que o Gudis e outros milhares de amigos invisíveis estavam ali, recolhendo nossas lágrimas e orações para levar para cima. Só não demos tchauzinho desta vez e nem precisávamos, porque já tínhamos a certeza de que eles sempre retornam com as respostas lá de cima.

27 de out. de 2011

Sol no horizonte
Vermelhando o concreto:
Uma folha cai



Kayu borbulhando
Pássaros amanhecendo
Folhas ventando pelo chão
Aviões rasgando o vazio
E navios ecoando no infinito:

Manhã de Quarta-Feira.

19 de out. de 2011

27 de set. de 2011

Caminhando

Na estrada. O verão aparentemente já deu seus últimos suspiros, e já dá pra sentir as manhãs frias de outono.

A natureza de Tohoku é realmente incrível. A estrada corta pelo meio de pequenos montes, cobertos por árvores altíssimas e de poucos ramos e por pinheiros. O cenário se alterna com algumas poucas planícies, com plantações de arroz e algumas casas de madeira de estilo tradicional. A cada 20 ou 30 minutos, uma cidadezinha.

Passei a última semana em Kesennuma, na província de Miyagi. Kesennuma é uma cidade costeira, a segunda mais afetada pelo Grande Terremoto do Leste do Japão, depois de Ishinomaki. Ao contrário desta, Kesennuma é muito menor (tem uma população entre 7000 e 8000) e não é um spot turístico. Estive com um grupo de estudantes voluntários para a recuperação da região; grupo organizado e bancado pela Fundação Japão (Nippon Zaidan), chamado "Gakuvo" (uma abreviação pra Gakusei volunteer, estudante-voluntário). Essa foi a terceira vez que participei de uma missão dessas, e foi a mais longa e pesada; e a cada vez que participo delas me surpreendo mais com os japoneses.

Existe um certo tabu que é difícil fazer amizade com os japoneses, que são pessoas fechadas e duras, mas não é bem assim sempre. Nosso grupo tem 28 pessoas, 8 ryuugakusei (alunos estrangeiros) e 20 japoneses, desde Fukuoka e Nara até Tokyo; tivemos oportunidade de conversar bastante e conhecer melhor uns aos outros. Na frieza e na correria de Tokyo, é normal achar que os japoneses são pessoas frias e talvez até egoístas, e esses momentos são importantes para conhecermos outros lados deles.

Uma das meninas trabalhando conosco trabalha no Outback (restaurante australiano) em Shibuya (bairro de Tokyo), onde fui com amigos brasileiros comemorar o aniversário de um deles. Imagino quantas pessoas não passam diante de nossos olhos, interagem conosco, e nós muitas vezes nem percebemos; passam como sombras, como meros objetos inanimados que não nos desperta atenção - já que normalmente estamos mais concentrados em nossos próprios pensamentos e nossa própria vida.

Outro dos meninos estuda na Shibaura Kogyo Daigaku (Universidade Tecnológica de Shibaura), no bairro onde eu moro. No nosso último dia de trabalho, ficamos em times diferentes: fui preparar sacos de pedra ("âncoras"), enquanto o time dele ficou responsável por remover janelas de uma casa vizinha à qual estávamos hospedados e fazer as compras para o churrasco de despedida. Ele se sentiu mal por ter feito um trabalho leve enquanto nos esgarçávamos carregando sacos de pedras, e - por isso - deixou todos tomarem banho antes dele. É apenas um pequeno gesto, mas é nesses pequenos gestos que se vê o caráter de alguém.

Dentre várias coisas, duas me impressionaram mais: no primeiro dia de trabalho, fomos recolher e separar destroços de um lugar que, outrora, era uma casa. Enquanto limpávamos o mato que, após todos esses meses, cobrira o local, tentávamos advinhar que parte da casa era cada canto do terreno. Mais tarde, um dos ryuugakusei, da Malásia, comentou: "nós tentávamos imaginar mas, com certeza, quem morava lá não veria aquilo como um monte de mato e destroços, mas como uma sala, um quarto; veria como uma coleção de memórias - uma vida." E, realmente, a cada sapato, cada brinquedo que encontrávamos pela frente, podíamos imaginar quantas lembranças não viveriam neles.

Outra coisa que me chamou a atenção, no segundo dia de trabalho, fui com um time para preparar sacos de pedra. Fomos para uma espécie de porto e trabalhamos com pescadores, todos já acima dos 60. Um deles, já nos seus 70 e poucos, estava lá carregando sacos de 55 kg com muito mais desenvoltura que nós estudantes. Em um dos intervalos de trabalho, um dos pescadores veio conversar comigo. Falou por mais de 5 minutos, dos quais mal-e-mal entendi o assunto. Ele falava de como o Brasil é um país rico e maravilhoso e de como os japoneses são inteligentes por terem ido se estabelecer por la. Acho que, realmente, somos abençoados, né?

Bom, é isso. Primeira parada da viagem de volta.
お疲れ様です!

19 de set. de 2011

Silent Hills

The desperate and lazy cicada songs echoed across the valley. After a heavy rain, dark clouds gave place to a beautiful dark blue sky. Meanwhile, the master - in a low voice and portraying a shy smile - formally started the 3 days zazen retreat.

The master, mr. Wolfram, is a middle age german guy. He has kind blue eyes, short hair and a thin face, that reminds a little of my father. His calm manners and somehow clumsy ways of dealing with the master robes reflect his pure practicing heart. He's a really nice guy. :)

Once again, rain started to fall heavily, making that delicious "washing your head out" sound inside the zendo. It was the perfect atmosphere to begin a journey throughout oneself's mind (or lack thereof).

The days began early, at 4:30, with a noisy wake up call followed by a sleepy 45 minutes zazen; during which the sky gradually turned clear again, and nature woke up. Mr. Kitamori, the temple's keeper, went at 6:00 to ring the big bell, while listening to the morning news in his old battery radio. (Reminds me of my granpa, who always wakes up at 5:00 and listen to the same radio program in the same old radio, for 30 years so far.) The bell echoes through the valley, far far away, and inside our heads for a long time.

The retreat went on calmly, as the master. Despite all the nature and environment around, the walls are the same as everywhere. Also the wild thoughts and painful legs. Somewhere in the lectures the question arised: how is zazen different from doing sports? "Zazen is not pleasant", was my first thought on this. And, in fact, it is not pleasant at all. But, if it is not pleasant why do we do it? This was another question raised in the discussion. "We're damn masochists!" :)

The struggling went on for the three days, broken by the delicious oriyoki meal times. Mr. Kitamura, who also cooked for us, is an old, short, bald japanese guy. He is not formally a monk, but working there for years gave him a sort of "enlightened" look. Apart from working at the temple, he runs a restaurant in Tokyo (which, by the way, I need to look for!), and makes delicious veggie dishes! I ate some things I have absolutely no idea of what were! I wish I could learn from him. :)))

We had no cerimonies, no chanting (except for oriyoki time) and no dokusan (interview with the master): it was a very informal and relaxed retreat, focused on zazen practices and lectures. Although I think cerimonies and chanting are an important part of training, the sesshin duties and timetable were very well organized and we had just the enough amount of everything!

The lectures where centered on Dogen's Shobogenzo. I'll close with one of my favorite and struggling quotes, from a chapter called Genjo koan (something like "realizing the fundamental point"):

"To study the Buddha Way is to study the self. To study the self is to forget the self. To forget the self is to be realized by everything. When realized by everything, your body and mind as well as the bodies and minds of others drop away. No trace of enlightenment remains, and this no-trace continues endlessly."

:)

12 de set. de 2011

Flowing

Up in the starry sky
Clouds go by in a rush.
Where did they come from?
Where are they going to?

The wind blows sneakily.

6 de set. de 2011

夏夜

Sob o brilho dourado da Lua
O gato salta com elegância sobre o pobre rato
Até que ambos fundem-se no céu
E, como todas as coisas,
Esvaecem lentamente até desaparecer
Na escuridão da noite de verão.

22 de ago. de 2011

No silêncio da noite

Madrugada de terça-feira.
Lá fora, uma música ecoa.
Vou até a varanda para ouvir melhor.
Alguns quartos ainda acesos,
Mostrando que não sou o único ser noctívago.

Não era um rock, nem música clássica
Não haviam instrumentos ou efeitos
Era apenas a voz de um morador que,
Em alguma língua desconhecida,
Entoava orações.

Não entendi uma palavra sequer,
Mas pude sentir sua fé, sua emoção
E confesso que senti uma grande paz
Só de ouvir seus cantares.
Seu deus é um cara de sorte.

18 de ago. de 2011

Ao gosto do Verão

"Calooooor, calor, calor, calor, calooooor!"
Cantam as cigarras.
(É só o que consigo ouvir.)

18 de jul. de 2011

No dia do mar

Les jours sont très chaudes, en cette été.
Me manque les jours de brise froide.
(僕は夏が全然好きではありません。)

Pero, si estuvieras aquí...
Si estuvieras aquí, yo por cierto amaría el verano;
Me gustaría el aire caliente de las noches
Y la brisa salada del mar, si tu aquí estuvieras.

Non può dire che non mi piace il verano: sarebbe troppo ingiusto!
Mi piace guardare la luna piena, come i cani,
Che riconoscono la vera bellezza della notte.
(E, naturalmente, i gatti: gli amanti del buio.)

Mais tu n'es pas ici. Alors, j'ai des droits de haïr cette été!
J'ai le droit de maudire les amoureaux,
Les couples heureux avec leurs sourires stupides!
Mais je ne fais pas ça. Jamais.

Porque eles me fazem pensar em você.
E, mesmo que você não esteja aqui,
Você está sempre aqui. Sempre comigo.
Não importa quantos quilômetros nos separem,
C'est impossible de séparer des sentiments.

じゃあ、君はここにいなくても、僕は夏が嫌いではない。
満月や恋人達や色々な動物の音など、
それは人生の部分だ。それは特異だ。ユニックだ。

I am pretty sure you would love these colors,
The taste of sand in your toes, and the sweet smell of Tokyo Bay.
You would love the birds's songs, the homeless cats,
The Tokyo Tower lights, and the colorful water buses.
And, most certainly, the Harajuku fashion.
(I can see you clearly in those dresses.)

E talvez, perhaps, quizás, peut-être, forse, たぶん,
You would also love me.

(^ ^)

15 de jul. de 2011

O último

"Há quanto tempo, né!" - perguntava o rapaz, já moço crescido, à mulher ao seu lado.

"É.. Nem consigo mais lembrar onde tudo começou!" - responde sorrindo, a outrora menina da franja colorida.

"Ah, claro! Você sempre foi ruim com datas e ocasiões especiais... Disso eu lembro muito bem!"

Nuno e Mandy conheceram-se ali, naquela mesma escola, que hoje oferecia sua última festa aos alunos. Ele, Ravenclaw, dominava feitiços; ela, Gryffindor, era exímia guerreira.

É um fim de tarde agradável. Mesmo os ruídos da Floresta Proibida parecem mais calmos. Entre os jardins, um velho banco de madeira.

"Olha só! E não é que esse banco ainda existe?!" - comentou Nuno, sorrindo e correndo os dedos pelo banco. "Lembra dele??"

"Claro, né! Como poderia esquecer? Continua lindo e romântico! Imagino quantos casaizinhos já se formaram aqui também."

"Passamos noites e dias aqui, olhando as estrelas, estudando, rindo..."

"... falando mal dos professores, matando aulas..." - completou Mandy, sorrindo e bagunçando os cabelos de Nuno.

"Mas agora acabou, né? Hoje eles fecham os portões para sempre. Será que nossos filhos um dia conhecerão esse lugar onde crescemos e suas histórias fantásticas; ou se tornará mais uma dessas lendas esquecidas no passado? Aprendemos tanto aqui! Conhecemos gente incrível, descobrimos sentimentos; choramos, sorrimos, sentimos raiva, desespero, angústia! Aprendemos a voar sem asas, e descobrimos que a magia mais importante de todas está entre nós, e aprendemos a sentí-la. Crescemos..."

Mandy senta-se no banco ao lado de Nuno e põe-se a olhar o céu azul de fim de tarde. A lua já desponta lá no alto.

"Vai ser uma linda noite de lua cheia! Se dermos sorte, poderemos ouvir o uivo dos lobisomens!!" - exclamou, excitada.

"... Você é incrível." - disse o rapaz, olhando incrédulo a moça sorridente ao seu lado.
"Eu sei!"

Ela se levanta em um salto, pega uma das mãos de Nuno, e parte correndo puxando-o, pela última vez, pelos jardins de Hogwarts. A brisa fresca e o vermelho do Sol ofuscam os olhos. Uma lágrima solitária reflete o céu azul.

14 de jul. de 2011

青月

Solitária na imensidão,
Hoje parece reinar soberana.
Por vezes tímida e retraída,
Há dias em que pega fogo,
E permite-se espalhar sobre todos.

Daqui, ela é Lua. Maiúscula.
E é de Maria, de Cláudia;
Também de Marie, Yuh e Kazue:
É presente de amores eternos,
Mas especialmente de amores de verão.
Amores de noites quentes,
Amores de calor. Aliás,
São estes os que a sabem de fato:
O solitário que goza de uma só noite de amor
Entende o brilho da lua cheia.

26 de jun. de 2011

Jelly-umbrella-fishes



Lotus's leaves are opening
In the school's backyard;
While in this overcast sky,
Two jellyfishes line up.

Within this bright deep ocean
Is strikingly hard to see everything.
Deep, dark and watery blue:
This is the foretaste of summer

Under the vinyl umbrella,
Even eternity looks close enough.
Your right hand and my left hand,
the moment they touch, magic happens.

~

Playing the lotus's leaves,
Water droplets sound as drums:
They resound in my heart
(And I can't keep my eyes off of you.)

Deep, dark and watery blue:
This is the foretaste of summer.

~

Amid June rain, light crimson flowers bloom:
A silent warm magma in the deep ocean

When your right hand touches my left hand,
In this very moment, magic happens.
(Charmed!)
:)


(Free translation of 傘クラゲ by レミオロメン)

18 de jun. de 2011

Nicest Thing

Uma palavra sua
Coração voa longe
Coração se abre num
Sorriso incontível

É coração de criança
Sentimento puro
Sentimento paciente
Coração feliz

Primeiro amor
Sempre verdadeiro
Sempre vivo
Sempre seu.


12 de jun. de 2011

4 de jun. de 2011

24 de mai. de 2011

Na espera

渋谷駅前。
ハチ子と一緒。
君を待ってる
ずっと帰ってるのに
ずっと待ってる。

15 de mai. de 2011

Prajna puro

Como eram grandes aqueles olhos! Não apenas grandes, mas negros. Negros e profundos.

Quantas histórias não passaram por eles? Quantas vidas, quantos sonhos? Sonho de liberdade, talvez, de quem um dia já teve o mundo aberto. Sonho de conhecer o mundo, dos pais, avós e ancestres. Sonhos. Pergunto-me quais anseios guardam aqueles olhinhos brilhantes, meio opacos pela refração da luz nas águas turvas.

Gostaria de compreendê-los, os animais. Queria ser capaz de sentir o que sentem, ver sob seu prisma; de sê-los por alguns instantes. Nossa mente humana, porém, é incapaz de racionalizar o "irracional", o instintivo, o natural. Engraçado, não é? Como se fôssemos tão diferentes dos animais assim!

E, na verdade, somos mesmo. Somos presos dentro de nós mesmos; criamos nossa própria jaula, e nos autoflagelamos com isso. Agimos por interesse. Criamos o tempo e nos escravizamos. Inteligência é isso?

Felizes os animais, que mesmo presos, são livres.
Talvez o olhar profundo seja de pena de nós, humanos. E nós, na nossa prepotência de superioridade, achamos que eles são os dignos de pena.

Ignorância pura.

Seaside

Splash, splash
Palmas e peixes
Sorrisos deliciosos

12 de mai. de 2011

Treze

Meia-noite
Sexta-feira treze
Sem sinal do Godzilla.

寝た時の雨

午後11時だ。

今日天気がちょっと悪いけど、雨が好きなんだ。雨が降った時に、ずっとずっと君を思い出す。たぶん、僕の夢で君と会った時にはいつも雨が降っていた。

もう10年でしょう?

時の風は本当に強くてしまう。
でもね、とても楽しくて、うれしかった。

--

11時40分だ。寝た方がいいけど、外で風はつよくてうるさいんです。自分の中で、気持もうるさい。ざんねんね…

俺たちはいつも遠い所に住んでいるね。今は違わない。もしかしたら、僕は君のことな気持が大きいかもしれないと思う。

とにかく、じつは僕は人生のことがぜんぜんわからない。どうしてれを書いているか?知らない。

けどさ、

君が好き。

:)

Embalando

O vento uiva
Viajando por frestas mínimas.
É matilha imparável.

10 de mai. de 2011

Pós-classe

De braços dados seguem.
Que rumo tomarão,
Onde irão chegar,
Quanto andarão?
"Para sempre!"
(Seja lá quantos dias
o sempre durar.)

地蔵菩薩 (Jizō bosatsu)

Os seres são inumeráveis:
Faço voto de salvá-los.
Pernas bambeam.

降る雨

Smoothly falling droplets
Like inside a warm cloud
This spring day feels

4 de mai. de 2011

5月5日 - cinco de maio

Carpas flutuam ao vento
Pai e filhos lá no alto
Mãe na cozinha

--

Doce folha verde
Moti fresco enrolado
Que delícia de dia!

--

Golden Week
Luzes apagadas
Luto dourado

Golden Week
電気が消える
金色な嘆きだ

Tardeza

Tempo errado,
Momento certo?
Ah destino fanfarrão!

14 de abr. de 2011

Sharp

Flores de sakura
Espalham-se pelo ar,
Derramam-se pelo chão.
A cena é tão breve,
Tão frágil e tão intensa.
Cada pétala é como uma lâmina
Cortando a alma em finos pedaços.

20 de mar. de 2011

Luão

Equinócio de Outono
A Lua especialmente gigante no céu
As pessoas especialmente pequenas na Terra

Sob as águas

Sob as águas
Passam vidas
Passam sonhos
Passam promessas

Nestas águas
Depositamos desejos
Lavamos corpos
Purificamos almas

Sobre as águas
Deslizam pensamentos
Planam fortunas
Acontecem amores

Quão estúpido é
Confiar naquilo que não se controla?
O que é que se controla?
O que se pode pretender controlar
Num mundo que não pertence a ninguém?

Tudo são águas
Tudo são ilusões
Somos todos ignorantes
Estúpidos, e arrogantes
Impotentes (e prepotentes)

Achamos, às vezes,
Que temos algum controle
Que o trono é nosso
E fazemos o que bem entendemos

Mas então vêm as águas
E mostram que somos tão frágeis
Como porcelanas chinesas
Nas mãos de um bebê inocente

9 de mar. de 2011

Mês 3

O calor do verão passa, como tudo mais passa. Como passa a seca do inverno, e os botões floridos da primavera; como passam os dias, os anos, os amores e os desamores. É, o calor do verão passa, como também passa a vida, as alegrias, as tristezas, os sorrisos e também as lágrimas. "Obrigado," é o sentimento que fica. Obrigado pelo calor insuportável, pelas águas, pelos dias quentes e pelos momentos únicos.

Que as águas (ou ventos) de Março bendigam a transição pra nova estação. Pode ser outono, ou pode ser primavera, depende do referencial. Mas que seja única. E com certeza será.


"São as águas de março fechando o verão, é a promessa de vida no teu coração."

「3月の風に想いをのせて桜のつぼみは春へとつづきます。」
(Depositando seus sentimentos nos ventos de março, as flores de cerejeira seguem adiante rumo à primavera.)



2 de fev. de 2011

Do I have to fall asleep with roses in my hands?

E, mais uma vez, a noite cai. Pequenos pontos brilhantes brotam, como diamantes encrustados no meio da escuridão, outrora ocultos pela luz: É tempo de dormir.

Você virá me visitar novamente?

Seus olhos pareciam mais brilhantes hoje. Como têm sido seus dias? Seu sorriso iluminava ao longe. Seu coração está contente? Há tempos não nos encontramos, a não ser nesses momentos solitariamente metafísicos.

Há quem diga que sonhos são alguma forma de encontro entre duas almas que compartilham de um mesmo destino. Será verdade?

Você acredita em destino?

Pois eu, no meu ceticismo científico, não acredito em quase nada. Não acredito em deuses, em demônios, em espíritos, em mitologias, ou nos homens. Não acredito em espírito ou alma; não acredito em coelho da páscoa, nem em papai noel (embora considere a existência desses mais lógica que a dos primeiros: confesso). Não acredito em magia e em sobrenatural. Destino? Hm.. acho que não, hein.

Mas em você; em você eu acredito. Com todo meu ser.
É, eu sei. Um dia eu também entenderei.

--
N.A.: O título é uma citação da música "Dreaming with a broken heart", John Mayer. Segue.


1 de fev. de 2011

Verão

Normalmente não gosto do verão. Nada contra a estação do ano (aliás, que sempre abre o ano!) em particular; na verdade, até gosto de ver as pessoas mais a vontade, até um pouco mais sorridentes; a natureza parece tomar um gole de renovação: as folhas parecem mais verdes e as árvores mais robustas. Porém, ainda assim, não gosto do verão. E não gosto por um único motivo: não gosto de calor. Imagino que essa é uma das coisas que vão mudar quando eu voltar do Japão. Talvez, até lá, eu aprenda a gostar um pouquinho do calor, mas - por enquanto - calor é chato. Agora eu entendo porque as escolas têm férias de verão: é impossível se concentrar e trabalhar direito sob esse calor.

E as praias? Gosto da Natureza, mas as praias... Perdoem-me os aficcionados, mas as praias são o verdadeiro inferno na Terra, nessa época de verão. Talvez não as praias mais isoladas, mais bonitas; mas as praias populares são um verdadeiro nojo: aquele monte de gente suada e porca, poluindo as areias, tratando o mar como banheiro. Aliás, ainda quero saber quem foi o sem-mãe que teve a "brilhante" idéia de despejar esgoto no mar. Tudo bem, o mar é cheio de micro- (e macro) organismos que se alimentam dos nossos rejeitos orgânicos mas, veja bem, não existe nada vivo no mar que catabolize sacos plásticos, palitos de sorvete e PVC. Só de lembrar da praia nessa época, já sinto alergias brotando nas minhas pernas. Eu nunca gostei de praia, e acho que fiquei bem mais fresco quanto a isso depois que conheci praias de verdade (Recife, Porto de Galinhas, Salvador).

Só existem duas coisas piores do que praia no verão: Carnaval e Big Brother. Mas não vou comentar a respeito de ambos. Isso feriria minha dignidade em seu âmago.

Mas esse verão tem sido incomum. O ano está começando com o pé direito, e promete muito mais! Agora começa o ano do Coelho, de acordo com o calendário chinês. O coelho simboliza graciosidade, boas maneiras, e sensibilidade. Acho que seria o ano dos poetas, dos admiradores da beleza, da Natureza. É um ano de contemplação. Portanto, aguarde bastantes postagens por aqui! hehe

Feliz ano novo! =)


Tic tac (2)

We use to think of time as something almost concrete, given its omnipresence in our lives ever since we were born. We count years until we hit 18 and get our driver license; months til the holidays; days until the so-expect weekend travel; hours until the end of the classes; minutes til that very import meeting; and seconds til the long dreamed kiss. Our lives are based upon these very imaginary concepts we use to count the nonetheless imaginary time.

However, we often face moments which seem to mess up all these perfectly well-established notions we have. We may have some friends for a long time, and we feel like we need years to develop a good friendship. But then we go out, meet someone, and in a couple of days it feels like we're best friends! It didn't even take a month to feel so! How come?

Nature is always defying our concepts.

Time is a very useful construct, as well as God is. But do they exist in reality?

10 de jan. de 2011

O PLANO de viagem.

Estranho modo dizer

Quem se é, quem não se foi

Espero um dia entender

As leis que barram meu olhar

Que não nos deixam avançar

Ouço tudo ao meu redor

Analiso cada gesto

Experimento cada olhar

Presto atenção em cada mente

Moldo emoções, inconscientes

Quem sabe um dia hei de saber

Qual o passo certo a se tomar

Qual trilha leva à terra boa

Qual delas leva a meu lugar.

Meu eu todo seu.

Espero que ame; quando eu chegar tarde à noite próximo a seus ouvidos e disser “te amo”.

Espero que me perdoe; por cantar tão triste todo sentimento que me traz a sua falta.

Espero que agüente; minha “encheção”, minha “chateação”, minha solidão.

Espero que aceite; minha humilde felicidade ao ver seu sorriso dizendo “oi” para mim.

Somos todos humanos: imperfeitos

Somos feitos de falhas e retalhos

Somos parcelas de um todo maior

Mas ainda assim, existe sempre outro alguém

Que nos faz falta além do normal

Uma presença fatal, se por muito tempo.

A morte, se ausente pra sempre.

Se puder me escutar, perdão

Sou tão simples amante

Que nem sei cantar

Nem consigo falar

"Mas o que eu não faço por você!!!"

6 de jan. de 2011

Inventor

De tanto brincar de inventar, conseguimos inventar o corpo. "Inventariamos" órgãos, tecidos, células, organelas, misturamos tudo, criamos algumas regras e demos a isto o nome [corpo]. Este começa, decai e morre - pelo menos é o que supomos com nossa brincadeira de inventar e inventariar. Mas não criamos o corpo... nem os orgãos, os tecidos, as células, etc. Demos nomes às coisas como mestres do mundo. Foi assim que inventou-se o bem mais precioso.

Nós, inventores de talento, que não sabemos criar, inventamos o coração. Ah! foi o show do momento! Agora podia-se inventar o sentimento, o fruto dos impulsos deste que seria o cerne de todos as invenções, mas algo faltava... Homens considerados geniosos e inventivos procuraram este algo, chamaram de amor e se perderam tentado qualificá-lo ou defini-lo. Foi quando "pensou-se" além do corpo.

Agora não havia necessidade de nos preocuparmos com o corpo - maldito corpo que nos confunde. O que realmente havia era uma sensação de que tudo que realmente se precisava estava além do tal corpo. Neste momento foi possível ao homem sonhar e em seus sonhos imaginar-se em tantos universos diferentes que surgiu uma nova invenção. Tal invenção fez tanto sucesso que, até hoje, vários críticos - que a todo custo tentam denegrir a imagem da grande invenção - sentem-se impelidos a consumi-la, mesmo que neguem. O nome escolhido por nós, inventores de sucesso, foi o de "alma". Aquilo que explica tudo, até o tal amor, e não explica nada.

"É claro que tudo isso não aconteceu em ordem cronológica..."