10 de jan. de 2011

O PLANO de viagem.

Estranho modo dizer

Quem se é, quem não se foi

Espero um dia entender

As leis que barram meu olhar

Que não nos deixam avançar

Ouço tudo ao meu redor

Analiso cada gesto

Experimento cada olhar

Presto atenção em cada mente

Moldo emoções, inconscientes

Quem sabe um dia hei de saber

Qual o passo certo a se tomar

Qual trilha leva à terra boa

Qual delas leva a meu lugar.

Meu eu todo seu.

Espero que ame; quando eu chegar tarde à noite próximo a seus ouvidos e disser “te amo”.

Espero que me perdoe; por cantar tão triste todo sentimento que me traz a sua falta.

Espero que agüente; minha “encheção”, minha “chateação”, minha solidão.

Espero que aceite; minha humilde felicidade ao ver seu sorriso dizendo “oi” para mim.

Somos todos humanos: imperfeitos

Somos feitos de falhas e retalhos

Somos parcelas de um todo maior

Mas ainda assim, existe sempre outro alguém

Que nos faz falta além do normal

Uma presença fatal, se por muito tempo.

A morte, se ausente pra sempre.

Se puder me escutar, perdão

Sou tão simples amante

Que nem sei cantar

Nem consigo falar

"Mas o que eu não faço por você!!!"

6 de jan. de 2011

Inventor

De tanto brincar de inventar, conseguimos inventar o corpo. "Inventariamos" órgãos, tecidos, células, organelas, misturamos tudo, criamos algumas regras e demos a isto o nome [corpo]. Este começa, decai e morre - pelo menos é o que supomos com nossa brincadeira de inventar e inventariar. Mas não criamos o corpo... nem os orgãos, os tecidos, as células, etc. Demos nomes às coisas como mestres do mundo. Foi assim que inventou-se o bem mais precioso.

Nós, inventores de talento, que não sabemos criar, inventamos o coração. Ah! foi o show do momento! Agora podia-se inventar o sentimento, o fruto dos impulsos deste que seria o cerne de todos as invenções, mas algo faltava... Homens considerados geniosos e inventivos procuraram este algo, chamaram de amor e se perderam tentado qualificá-lo ou defini-lo. Foi quando "pensou-se" além do corpo.

Agora não havia necessidade de nos preocuparmos com o corpo - maldito corpo que nos confunde. O que realmente havia era uma sensação de que tudo que realmente se precisava estava além do tal corpo. Neste momento foi possível ao homem sonhar e em seus sonhos imaginar-se em tantos universos diferentes que surgiu uma nova invenção. Tal invenção fez tanto sucesso que, até hoje, vários críticos - que a todo custo tentam denegrir a imagem da grande invenção - sentem-se impelidos a consumi-la, mesmo que neguem. O nome escolhido por nós, inventores de sucesso, foi o de "alma". Aquilo que explica tudo, até o tal amor, e não explica nada.

"É claro que tudo isso não aconteceu em ordem cronológica..."





5 de jan. de 2011

Tic tac

Qual o sentido em manter uma inimizade? Pra que guardar rancor, desgosto, amargura? O que se ganha em criticar, menosprezar e odiar alguém? Por que acumular desafetos?

O tempo passa tão rápido, mas tão rápido! Os joelhos, quando menos se espera, já não funcionam mais como antes. Eles doem e chiam, depois de carregar tanto peso por tanto tempo: nosso corpo não é uma máquina perfeita (ainda bem!). Assim também as demais juntas, e os pulmões, e as veias, e o coração; até que tudo pifa de uma vez e é PT. Adeus. Bai-bai. Sayounara. A mesma coisa acontece com nosso cérebro. Eu podia falar aqui de alma, espírito e todas essa parafernálias que inventam por aí para explicar uma coisa fisicamente simples, mas vou me manter no mundo real: o cérebro também, como tudo que é físico, pifa! Vai morrendo a visão, a audição, as memórias, a capacidade de raciocínio; até que ele se vai de vez. Não tem segredo! Quanto mais a gente odeia, mais tempo e mais energia dessa preciosa máquina a gente gasta com pensamentos e atitudes completamente inúteis que não nos levam a lugar algum. Aliás, diga-se de passagem, no nosso corpo tudo está intimamente ligado - particularmente através do cérebro. Então, se você alimenta sentimentos e pensamentos negativos, você induz seu corpo a um estado fisiológico que não é o mais recomendável para manter uma vida saudável. O equilíbrio dos nutrientes e das atividades das nossas células é todo regulado por impulsos elétricos que são geridos lá no cérebro. Se estamos num estado emocional perturbado, nosso cérebro trabalha gerando impulsos que não são os habituais e aí desregula tudo: vem a dor de cabeça, dor de estômago, dor nas costas etc.

Mas enfim. O tempo passa. E passa rápido, o danado! Ficamos cada vez mais velhos, cada vez mais feios, e (hopefully!) cada vez mais bobos. Dizem que idade traz maturidade que traz sabedoria, mas não é bem por aí: sábio é aquele que é bobo, capaz de rir e encontrar alegria nas pequenas coisas simples e inesperadas do dia-a-dia, como uma criança que dá gargalhadas com uma brincadeirinha de se esconder atrás de um pano. Nós adultos nos julgamos maduros, potentes, donos do nosso nariz e conhecedores do bem e do mal; mas no fundo anseamos por sentir aquela alegria genuína do bebezinho ingênuo. Sábio é o bobo! Velhotes ranzinzas podem ser tudo, menos sábios. Sabedoria é aproveitar o tempo para ser feliz; e isso não significa acumular riquezas, mas experiências. Dane-se o carro importado! Pro inferno com as jóias e bolsas importadas! Mais vale conhecer paisagens únicas, conhecer pessoas únicas: viver momentos únicos (que são, no fim das contas, todos os momentos.)

Como sintetizou Fernando Pessoa (na pele de Ricardo Reis, 1930):
"Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre; quem não tem e não deseja,
Homem, é igual aos deuses."
(Que, aliás, é um belo resumo de tudo que disse Salomão, Buda, Jesus e tantos outros pelos milênios afora. Mas fodam-se todos. Mate Buda, mate Jesus, mate Salomão e mate Fernando Pessoa. Palavras são só palavras. Feche esse blog e vai viver, experimentar, sentir; vai dar um abraço, dar um sorriso, tirar uma foto, tomar chuva. O mundo tá aí. Danem-se os sábios: eles já morreram. O mundo é seu, todinho seu. Aproveita.)