5 de jan. de 2011

Tic tac

Qual o sentido em manter uma inimizade? Pra que guardar rancor, desgosto, amargura? O que se ganha em criticar, menosprezar e odiar alguém? Por que acumular desafetos?

O tempo passa tão rápido, mas tão rápido! Os joelhos, quando menos se espera, já não funcionam mais como antes. Eles doem e chiam, depois de carregar tanto peso por tanto tempo: nosso corpo não é uma máquina perfeita (ainda bem!). Assim também as demais juntas, e os pulmões, e as veias, e o coração; até que tudo pifa de uma vez e é PT. Adeus. Bai-bai. Sayounara. A mesma coisa acontece com nosso cérebro. Eu podia falar aqui de alma, espírito e todas essa parafernálias que inventam por aí para explicar uma coisa fisicamente simples, mas vou me manter no mundo real: o cérebro também, como tudo que é físico, pifa! Vai morrendo a visão, a audição, as memórias, a capacidade de raciocínio; até que ele se vai de vez. Não tem segredo! Quanto mais a gente odeia, mais tempo e mais energia dessa preciosa máquina a gente gasta com pensamentos e atitudes completamente inúteis que não nos levam a lugar algum. Aliás, diga-se de passagem, no nosso corpo tudo está intimamente ligado - particularmente através do cérebro. Então, se você alimenta sentimentos e pensamentos negativos, você induz seu corpo a um estado fisiológico que não é o mais recomendável para manter uma vida saudável. O equilíbrio dos nutrientes e das atividades das nossas células é todo regulado por impulsos elétricos que são geridos lá no cérebro. Se estamos num estado emocional perturbado, nosso cérebro trabalha gerando impulsos que não são os habituais e aí desregula tudo: vem a dor de cabeça, dor de estômago, dor nas costas etc.

Mas enfim. O tempo passa. E passa rápido, o danado! Ficamos cada vez mais velhos, cada vez mais feios, e (hopefully!) cada vez mais bobos. Dizem que idade traz maturidade que traz sabedoria, mas não é bem por aí: sábio é aquele que é bobo, capaz de rir e encontrar alegria nas pequenas coisas simples e inesperadas do dia-a-dia, como uma criança que dá gargalhadas com uma brincadeirinha de se esconder atrás de um pano. Nós adultos nos julgamos maduros, potentes, donos do nosso nariz e conhecedores do bem e do mal; mas no fundo anseamos por sentir aquela alegria genuína do bebezinho ingênuo. Sábio é o bobo! Velhotes ranzinzas podem ser tudo, menos sábios. Sabedoria é aproveitar o tempo para ser feliz; e isso não significa acumular riquezas, mas experiências. Dane-se o carro importado! Pro inferno com as jóias e bolsas importadas! Mais vale conhecer paisagens únicas, conhecer pessoas únicas: viver momentos únicos (que são, no fim das contas, todos os momentos.)

Como sintetizou Fernando Pessoa (na pele de Ricardo Reis, 1930):
"Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre; quem não tem e não deseja,
Homem, é igual aos deuses."
(Que, aliás, é um belo resumo de tudo que disse Salomão, Buda, Jesus e tantos outros pelos milênios afora. Mas fodam-se todos. Mate Buda, mate Jesus, mate Salomão e mate Fernando Pessoa. Palavras são só palavras. Feche esse blog e vai viver, experimentar, sentir; vai dar um abraço, dar um sorriso, tirar uma foto, tomar chuva. O mundo tá aí. Danem-se os sábios: eles já morreram. O mundo é seu, todinho seu. Aproveita.)

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