1 de mai. de 2010

O baú das almas

Não veio um anjo torto me pedir pra ser gauche na vida, (como aconteceu com o poeta maior) quando eu nasci.

Nasci na final de uma Copa do Mundo e meu pai quase pula, num grito que deu, do andar em que estava na maternidade, não porque eu tenha nascido é que tinha saído o gol do Brasil e era o do título... Pelo menos foi um bom começo... Já nasci bi-campeão.

Não sei se escrevo as coisas que vejo e sinto, ou se as descrevo. As vezes tenho a sensação de observador apenas, ali na minha frente, um holograma de outra dimensão me dita versos e procuro transcreve-los, como um bom aluno. Depois guardo num baú. Um baú de almas holográficas, que de vez quando solto pra me contarem suas verdades mentirosas ou suas mentiras sérias.

Não aprendi o lado pratico da vida, como, trocar fusível, comprar transformador, rebocar parede, etc. Acho pouco pratico o lado pratico da vida, a não ser pelo fato de que é muito mais fácil cozinhar miojo que feijão, até porque, jamais aprenderia a cozinhar feijão.
As coisas acontecem porque, de alguma forma, precisam acontecer do jeito e no momento que acontecem.
De repente você passa por uma curiosa situação atemporal que o faz pensar que você já esteve neste lugar, nesta mesma cena, com este mesmo clima e mesmas pessoas. Você só não entende porque este instante voltou ou quando foi exatamente que ele ocorreu. Não é assim? Existem algumas explicações que não vem ao caso; o que realmente incomoda é a memória de algo que ainda está pra acontecer. Não há como antecipar o que passou, simplesmente as coisas se acomodam porque as colocamos ali e de uma maneira ou de outra, elas vão se manifestar.

Só sei mesmo é o que acredito. Deus está no controle então, cuidado quando for mudar de canal.

© Dirceu Ramos in “O baú das almas”

veja mais em http://clubedeautores.com.br/book/6443--O_bau_das_almas

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