13 de mar. de 2014

Razão de existir....

Pouquíssimas pessoas neste belo mundo podem dizer (ou pensar) durante, ou no fim, da vida que podem ir em paz, o mundo ganhou muito com a sua existência.

Desde sempre tenho uma paixão tremenda pela música, ou achava que tinha. Há poucos anos tenho me dedicado cada vez mais à música e a seu estudo. Ouvindo peças cada vez mais complexas e formosas, tentando disseca-las mentalmente, buscando o caminho para a música perfeita.

Comecemos pelo meu maior ídolo da música erudita, Ludwig van Beethoven. O conheci, formalmente, através de sua obra "Ode an die Freude" da sua nona sinfonia, que cantarolava sem saber que era. Quando estudando sua obra, percebi toda sua beleza , passei da "nona" (majestosa e sempre a maior) para a quinta sinfonia "Do Destino" e seus "tan, tan, tan, taaaaan" (como ela é continuamente lembrada...) e depois para seus concertos para piano, especialmente o Adagio do n. 5 "imperador" e sua sonoridade romântica, sua dor escondida. Contudo, depois de todo esse trajeto ainda estava para conhecer a sexta sinfonia e ter quase um ataque cardíaco com sua beleza, especialmente os 2 primeiros movimentos, ambos curtos, mas perfeitos. Ouçam e sintam o que digo:



Como sempre, somos surpreendidos pelo tempo...

Apaixonado pela obra de Chaplin, no cinema, e seu maltrapilho "vagabundo", comecei a conhecer outra face do grande Charles Spencer Chaplin: sua música. Além de grande conhecedor de música, Chaplin também era exímio compositor. Seu "Smile" até hoje é lembrado como uma das maiores composições de todos os tempos. Contudo, devo lembrar de outras duas melodias, mais belas e mais complexas que "Smile":

Uma foi tema de "Limelight (1952)":




Outra foi tema de seu último filme - estrelado por Marlon Brandon e Sophia Loren - "A Countess from Hong Kong", o nome da canção é "This is My Song":



Essa última em especial, me escapou durante tanto tempo que, ao ouvi-la, senti-me no céu dançando pelas nuvens. Que bela, que simples.

Tenho muitos outros exemplos de belas músicas já realizadas: Dvorak e sua sinfonia do novo mundo (segundo movimento é o mais conhecido), Brahms e sua formalidade na Dança Húngara n. 5 (usada por chaplin no filme "O grande ditador"), Claude-Michel Schönberg e seu "Les Miserables", Andrew Lloyd Weber e seu "Fantasma da Ópera", entre outros vários compositores.

Devo citar com maior ênfase mais dois músicos antes de chegar ao objetivo deste texto, eles são Heitor Villa-Lobos e Wolfgang Amadeus Mozart.

O primeiro, de longe, na minha humilde opinião, foi o maior compositor brasileiro de todos os tempos (bem melhor que "rei" global, que, convenhamos, não compôs metade do que diz ter feito). A obra que destaco é pouco conhecida dos brasileiros e é tão bela que ofende saber que seu próprio povo não lhe dê o devido valor: são suas "Bachianas", em especial as de número 2 (conhecida pelo trecho que simula um trem) e 5 (conhecida pela sua cantileña):



OBS: o "trenzinho do caipira" começa 17:40


obra completa


essa versão permite ouvir melhor o som dos "8" Cellos

O segundo, Mozart, é considerado por muitos um dos melhores de todos os tempos. Vou deixar que este Adagio fale por mim:



e também a inacabada lacrimosa do Requiem em D menor:



Pelo poucos exemplos que dei, deixei claro que se tratavam de pessoas com extraordinário senso musical e que seus talentos são e, espero, para sempre serão lembrados. Entretanto, todos possuem uma obra vasta e conhecida de um bom público, todos são razoavelmente fáceis de tropeçar durante nossa curta vida nesta terra, mas existem outros, tão bons quanto esses gênios que nos aparecem se o acaso e a fortuna nos permitem.

A poucos dias conheci um autor cuja obra me derrubou. Parei o que estava fazendo e ouvi, apenas ouvi. Não sou de chorar. Se me machuco se sofro de algum mal físico ou mental, não choro, mas a música... ah a música me faz chorar... e "Adios Nonino" de Astor Piazzolla me fez chorar como eu nem me lembrava mais. Essa obra me fez pensar que às vezes, não é uma quantidade gigantesca de textos, músicas, pinturas de qualidade que nos faz eternos, às vezes basta uma.

A "Gimnopedie" 1 de Erik Satie, bastou para ele ser lembrado. Sua melodia já adaptada para diversos conjuntos sinfônicos, até hoje (tema de novela global) nos faz sentir sua imortalidade.



"Adios Nonino", não foi a única composição de Piazzolla, mas bastou esta para que seja ele eternamente lembrado. Beethoven continuaria eterno se sua única obra fosse a sexta sinfonia que citei? e Mozart? e Villa-Lobos? sou grato a todos eles que viveram neste mundo antes de nós e que tornaram este um lugar melhor, pelo menos pros ouvidos e corações. Com vocês O Tango que motivou todo este texto com o próprio Piazzolla tocando.


Obrigado Piazzolla.

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